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Escrito por Ángel Manuel Rodríguez
O que a Bíblia quer dizer quando ela se refere a Jesus como “o Filho de Deus”?
O significado deste título de Cristo tem sido um assunto de sérios debates entre os Cristãos. O entendimento mais básico é que o Senhor encarnado nasceu de virgem Maria para ser chamado o Filho de Deus (Lc 1:32; 1Jo 5:18). Ao partilhar meu entendimento do tópico, espero motivar que seu estudo continue.
1. Filho(s) de Deus: No Velho Testamento a frase “filho(s)/crianças de Deus” designa três tipos de pessoas. Os seres celestiais que se encontraram com o Senhor no concílio divino são chamados “os anjos” (Heb., “filhos de Deus,” Jó 1:6; 2:1).1 No momento da criação nos é dito que “todos os anjos” [Heb., “filhos de Deus”] clamaram de alegria” (Jó 38:7). O povo de Deus é chamado de “os filhos do Senhor seu Deus” (Dt 14:1; veja também Os 2:1; Isa. 45:11). Eles se tornaram filhos de Deus através da criação e redenção (Êx 4:22, 23). Finalmente, o rei Israelita era chamado o “filho de Deus” (e.g., 2Sm 7:14). Deus apontava o rei como sendo “meu primogênito” (Sl 89:27; cf. Sl 2:7). Nestes casos a palavra “filho” é usada figurativamente. Os seres celestiais são filhos de Deus através da criação; o povo de Deus são filhos de Deus através da criação e redenção; e o rei se torna filho de Deus através de sua indicação como rei. Na Bíblia Deus não tem filhos através da concepção natural e nascimento.
2. Filiação Eterna de Cristo: Cristo é o eterno Filho de Deus. Paulo escreveu que “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4:4). Cristo era o Filho de Deus antes que Ele nascesse de uma mulher. Através do Filho preexistente, Deus “fez o universo” (Hb 1:2). Entretanto, a filiação de Cristo é sem paralelo. Os crentes nascem espiritualmente de Deus como filhos de Deus, porém o Filho nunca é descrito como sendo nascido espiritualmente de Deus; Ele é o Filho, que veio diretamente do Pai (Jo 16:28). Ele tem vida em Si mesmo e é um com o Pai na vontade (Jo 14:31; 15:10), caráter (Jo 14:8-11), propósito (Jo 15:16; 16:15; 17:4-8) e natureza (Jo 8:58). Contudo Ele é uma pessoa distinta. Estamos lidando com um uso metafórico da palavra “filho.”
3. Significado Metafórico: Em nossa humanidade a imagem de filho comunica algumas ideias óbvias. Primeiro, ela indica que um filho é da mesma natureza dos pais; eles são seres humanos. Quando Cristo é chamado “Filho de Deus,” nos está sendo afirmado que Ele, como o Pai, é um ser divino (Jo 5:18). Segundo, um filho é distinto de seus pais. A metáfora de filiação significa que embora Cristo e o Pai tenham a mesma natureza, Eles são pessoas distintas, implicando uma pluralidade de pessoas dentro da Divindade. Terceiro, o relacionamento entre pais e filhos é único. Sua união é praticamente indissolúvel. A metáfora portanto é um bom símbolo para a profunda unidade que existe entre os membros da Trindade (Jo 17:5). Quarto, um filho humano vem de seus pais através do nascimento natural. No caso da Trindade, entretanto, o Filho procede do Pai, não como uma emanação divina ou através de nascimento natural, mas para realizar uma obra de criação e redenção (Jo 8:42; 16:28). Não existe apoio bíblico para a geração eterna do Filho procedendo do Pai. O Filho veio de Deus, mas não foi gerado por Ele. Quinto, a imagem pai-filho não pode ser aplicada literalmente ao relacionamento divino Pai-Filho dentro da Divindade. O Filho não é o Filho natural, literal do Pai. Um filho natural tem um começo, enquanto que dentro da Divindade o Filho é eterno. O termo “Filho” é usado metaforicamente quando aplicado à Divindade. Ele comunica as ideais de distinção das pessoas dentro da Divindade e a igualdade de natureza no contexto de um relacionamento eterno e de amor.
Ellen White escreveu: “O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como uma pessoa distinta, mas um com o Pai.”2 Esta declaração resume o propósito principal da metáfora.
1Os textos são da Holy Bible, New International Version e da Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional. Copyright © 1973, 1978, 1984, 1993, 2001, 2011 by Biblica, Inc. e pela Editora Vida. Usados com permissão. Todos os direitos reservados mundialmente.
2Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Santo André, São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 1966), Livro Um, p. 247.