Mateus 28:19

De acordo com Mateus 28:19 os crentes devem ser batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mas em Atos se diz que os crentes eram batizados em nome de Jesus. Há uma contradição aqui?

Não categorizado November 30, 2006

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Escrito por Ángel Manuel Rodríguez

De acordo com Mateus 28:19 os crentes devem ser batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mas em Atos se diz que os crentes eram batizados em nome de Jesus. Há uma contradição aqui?

Existem muitas maneiras de responder a esta pergunta. A mais fácil seria concluir que diferentes fórmulas batismais eram usadas na igreja apostólica e, portanto, não haveria nenhuma razão para tentar harmonizar essas duas fórmulas. Isso é possível, mas muito improvável se Jesus, como Mateus indica, deu uma direção explícita sobre essa questão. Além disso, parece que a frase presente em Atos não se refere a uma fórmula batismal. Se ela se referir a uma fórmula, ela seria uma forma abreviada que não nega a existência ou o uso da fórmula completa. Seguem alguns comentários a esse respeito.

1. A Fórmula Trinitariana: Em Mateus 28:19 Jesus deu a seus discípulos instruções bastante específicas a respeito da necessidade e da maneira de se fazer discípulos. O uso da fórmula trinitariana é parte dessas instruções. A pessoa a ser batizada é plenamente unida à Divindade através de Cristo (cf. Jo 17:21).

Por que é usada a fórmula trinitariana? Por que não é suficiente dizer “em nome de Jesus”? A resposta mais provável é encontrada na própria experiência batismal de Jesus Cristo. Durante seu batismo as três pessoas da Divindade estavam presentes. A voz do Pai foi ouvida, a presença do Espírito foi manifesta sob o símbolo de uma pomba, e o Filho, em carne humana, saiu da água. O batismo de Jesus se tornou um modelo para os crentes. Ele representou a experiência que aqueles que se tornariam seus discípulos iriam experimentar. Em seu batismo Ele revelou que somente através dele mesmo é que nós podemos desfrutar de comunhão com a Divindade, plena união com o Trio Celestial. Para Jesus, ser batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo era um reconhecimento público do poder salvador de sua vida e ministério, através dos quais nós somos unidos à família celeste. Nós não deveríamos estar surpresos ao descobrirmos que a fórmula trinitariana se tornou a fórmula batismal na igreja cristã. Isso é biblicamente coerente; isso foi feito – e continua sendo feito – em obediência ao Salvador ressurreto.

2. A Fórmula Cristológica: No livro de Atos encontramos as expressões “cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados” (2:38);
“E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo.” (10:48); “foram batizados em o nome do Senhor Jesus.” (19:5).

Muito pode ser dito sobre essas passagens. Primeiro, todas elas estão relacionadas à obra de evangelismo; pessoas eram convidadas a serem batizadas em nome de Jesus.
Isso é importante teologicamente pois indica que estava sendo pedido que essas pessoas colocassem confiança em Jesus como seu Salvador. Em Atos o nome de Jesus é o único
nome pelo qual as pessoas podem ser salvas (4:12). Uma vez que havia a ênfase em Jesus como Salvador não havia a necessidade de se fazer referência à fórmula trinitariana por completo.

Um segundo ponto, intimamente relacionado com o ponto previamente abordado, é que o propósito da frase “sejam batizados em nome de Jesus” não era o de indicar que as pessoas eram batizadas usando a seguinte fórmula: “eu te batizo em nome de Jesus.” De fato, durante o batismo o novo convertido confessava o nome de Jesus Cristo em um
compromisso pessoal com ele. Nós lemos “Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele” (22:16). A frase “invocando o nome dele” remete ao
Antigo Testamento, onde invocar o nome do Senhor significa confiar nEle, adorar a Ele e confessar pertencer a Ele (cf. Gn 4:26). Quando as pessoas eram convidadas a serem
batizadas em nome de Jesus, se lhes pedia não somente que reconhecessem a Ele como seu Salvador mas, também, como alguém digno de adoração, confiança e como seu Senhor.

O terceiro ponto é que as passagens em Atos nas quais o batismo em nome de Jesus é mencionado não tinham a intenção de descrever a fórmula batismal usada no ato do
batismo em si. As passagens não estavam descrevendo como o santo batismo acontecia, mas, sim, o que era esperado do novo converso. A afirmação “seja batizado em nome de
Jesus” não era, propriamente falando, uma fórmula batismal.