Justificação Legal Universal

Um amigo me disse que os benefícios da morte de Cristo foram concedidos à raça humana quando Ele morreu. Esta ideia parece não ser bíblica. Ela é?

August 31, 2006

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Escrito por Ángel Manuel Rodríguez

Um amigo me disse que os benefícios da morte de Cristo foram concedidos à raça humana quando Ele morreu. Esta ideia parece não ser bíblica. Ela é?

Tal ideia, chamada por seus proponentes de “justificação legal universal,” não é bíblica. Alguns Adventistas a consideram atrativa e a aceitam sem análise crítica, porém esta é uma abordagem perigosa. A verdade não deve ser determinada por aquilo que parece fazer sentido, ou por aquilo que nos faz sentir bem, mas por aquilo que encontramos na Bíblia. Os seguintes detalhes podem ajuda-lo a avaliar esse ensino.

I. A Totalidade da Escritura: Devemos submeter qualquer afirmação da verdade aos ensinos da Escritura. O fato que uns poucos textos parecem apoiar tais ensinamentos não é suficiente para demonstrar a correção de suas afirmações. Estas afirmações têm que ser examinadas dentro do contexto da totalidade da Escritura a fim de esclarecer como os textos devem ser interpretados. Algumas pessoas chegam a uma ideia que parece ser original e procedem a procurar textos bíblicos para apoia-la. Elas trazem para o texto essas ideais e as leem nele. Sua interpretação pode perecer ser lógica e persuasiva, porém elas estão, de fato, impondo suas ideias ao texto. Ao avaliarmos essas ideias precisamos examinar o ensino bíblico em geral, não apenas uns poucos textos.

2. Impacto Sobre Outros Ensinos Bíblicos Claros: Estes pontos de vista podem parecer ser inócuos, porém devemos examinar seu impacto em outros ensinos da Bíblia. Se as implicações de um novo ensino enfraquecem outros ensinos bíblicos, existe alguma coisa errada com suas afirmações, apesar do fato que sejam usados textos bíblicos para apoia-lo. Isso significa que os textos que estão sendo usados devem ser interpretados de um modo diferente.

3. Um Exemplo Característico: A Mediação de Cristo: Um exemplo pode ser suficiente para ilustrar este último detalhe. Visto que a justificação legal universal ensina que diante do Senhor todos os pecados da raça humana já foram perdoados e a raça humana já tem sido salva, como uma questão prática ela não deixa lugar para o ensino bíblico da mediação sumo sacerdotal de Cristo diante do Pai. De acordo com Paulo, a morte e ressurreição de Cristo tornam possível a mediação de Cristo diante do Pai (Rm 8:34). A mediação significa que o pecado e a culpa dos humanos ainda são relevantes diante do Senhor no céu e que é somente através da obra de Cristo por nós na presença do Pai que recebemos os benefícios de Sua morte sacrificial. A plenitude desses benefícios é concedida apenas àqueles que creem. Culpa e pecado continuam a ser parte da experiência humana à vista de Deus!

O papel de nosso Mediador diante do Pai é um elemento indispensável no plano da salvação (Hb 7:25; 9:14). Então devemos perguntar: “Se é verdade que à vista de Deus o pecado da raça humana tem sido perdoado e a humanidade já tem recebido a totalidade dos benefícios de Sua morte, por que João escreve: ‘Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo’” (1Jo 2:1, NVI; cf. At 2:38)? João continua a sugerir que o perdão do pecado através da eficácia da mediação de Cristo diante do Pai é assegurado porque “ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo” (1Jo 2:2, NIV).

Cristo é o mediador para qualquer um que deseja se aproximar do Pai para receber através Dele perdão, justificação, redenção, reconciliação, etc. Os pontos de vista que você mencionou tendem a interpretar a mediação de Cristo em termos da purificação do coração humano do pecado. Mas a doutrina também lida com a obra de Cristo no céu e com a aplicação dos benefícios de Seu sacrifício pelos pecadores arrependidos. Proponentes da justificação legal universal não parecem estar plenamente cientes de seus sérios problemas doutrinários e teológicos. Em alguns casos eles tendem a redefinir a doutrina do ministério de Cristo no santuário celestial.