A Bíblia e o Suicídio

Um dos meus melhores amigos cometeu suicídio. Desde então tenho desejado saber o que a Bíblia diz sobre o assunto.

Não categorizado March 11, 2004

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Um dos meus melhores amigos cometeu suicídio. Desde então tenho desejado saber o que a Bíblia diz sobre o assunto.

O suicídio é costumeiramente definido como o ato de alguém tirar a própria vida. As cicatrizes emocionais deixadas para a família e amigos são profundas e produzem não apenas sentimentos de solidão, mas particularmente um senso de culpa e desorientação. Na tentativa de prover alguma orientação ao responder sua pergunta, devo limitar meus comentários às seguintes observações breves. Em primeiro lugar façamos uma distinção entre suicídio e martírio, que é a disposição de entregar nossas vidas por convicções e valores fundamentais que mantemos inegociáveis – e um ato de auto-sacrifício que resulta na preservação de outras vidas (um soldado ou uma soldado se atira sobre uma granada para salvar a outros). Enquanto o suicídio é fundamentalmente uma negação do valor de nossa vida presente, a solução final para uma vida considerada insuportável, aqueles outros casos são expressões de respeito e amor pela vida. Listarei os casos de suicídio ou tentativa de suicídio registrados na Bíblia, tirarei algumas conclusões e farei alguns comentários gerais. 1. Casos de Suicídio na Bíblia: Abimeleque, mortalmente ferido por uma pedra de moinho atirada nele por uma mulher, pediu ao seu escudeiro para mata-lo para que escapasse da vergonha (Jz 9:54). Saul, depois de ser seriamente ferido em batalha, se matou (1Sm 31:4). Vendo o que o rei fez, o escudeiro “jogou-se também sobre sua espada e morreu com ele” (verso 5, NIV). Isto foi motivado pelo temor do que o inimigo faria com eles. Aitofel, um dos conselheiros do rei Absalão, se enforcou depois de compreender que o rei tinha rejeitado sua recomendação (2Sm 17:23). Zinri se tornou rei depois de um golpe de estado, porém compreendendo que o povo não o apoiava “entrou na cidadela do palácio real e incendiou o palácio em torno de si,” se matando (1Rs16:18, NIV). Judas estava tão perturbado emocionalmente que depois de trair Jesus ele se enforcou (Mt 27:5). Sansão tirou sua própria vida numa batalha contra o inimigo (Jz 16:29, 30). Depois do terremoto o carcereiro de Filipos concluiu que os prisioneiros tinham escapado e incapaz de pensar por causa do medo tentou se matar, mas Paulo o persuadiu para que não o fizesse (At 16:26-28). 2. Comentários Sobre os Dados Bíblicos: Dos incidentes listados acima notamos várias coisas. Primeiro, muitos dos suicídios acontecem no contexto de guerra, no qual matar a si mesmo é o resultado do medo ou vergonha. Segundo, outros casos são mais pessoais e refletem, além do medo, uma auto-imagem pobre. Todos eles acontecem no contexto de um estado mental altamente emocional. Terceiro, o suicídio é registrado sem ser mencionado qualquer julgamento sobre a moralidade da ação. Isso não significa que ele é moralmente correto; indica que o escritor bíblico está simplesmente descrevendo o que aconteceu. O impacto moral do suicídio é tratado através de um entendimento da vida humana: Deus a criou, e não somos os proprietários dela, para usa-la e dispor de ela como quisermos; o sexto mandamento tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. Portanto, um Cristão não deve considerar o suicídio como uma solução moralmente válida para a situação de viver num mundo de dor física e emocional. 3. Comentários e Sugestões: Como então devemos considerar o suicídio de uma pessoa amada? Primeiro, a psicologia e a psiquiatria têm revelado que muito frequentemente o suicídio é o resultado de profunda revolta emocional ou bioquímica desestabilizada associada a um estado de depressão profunda e medo. Não devemos julgar uma pessoa que, sob estas circunstâncias, optam pelo suicídio. Segundo, a justiça de Deus leva em consideração a intensidade de nossas mentes perturbadas; Ele nos compreende melhor do que qualquer outra pessoa. Devemos colocar o futuro de nossos amados em Suas mãos amorosas. Terceiro, com o auxílio de Deus podemos enfrentar a culpa de uma maneira construtiva. Mantenha em mente que muitas vezes aqueles que pensam na possibilidade de cometerem suicídio precisam de ajuda profissional que muitos de nós somos incapazes de oferecer. Finalmente, se você alguma vez tentou cometer suicídio, existem medicamentos que podem ajuda-lo a vencer a depressão, existem amigos que o amam e farão tudo o que eles puderem para ajuda-lo e existe um Deus que está desejoso de operar em você e através de outros para sustenta-lo enquanto você caminha pelo vale da sombra e da morte. Jamais abandone a esperança!